Search
Close this search box.
Câmara dos EUA aprova impeachment de Donald Trump; processo segue para o Senado

Câmara dos EUA aprova impeachment de Donald Trump; processo segue para o Senado

Por Rlagos Notícias

18 de dezembro de 2019

Compartilhar no WhatsApp
Ele foi acusado de abuso de poder e obstrução do Congresso e foi o terceiro presidente na história do país a sofrer impeachment. Trump continua no cargo enquanto espera julgamento no Senado, que deve acontecer em janeiro.

O impeachment do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, foi aprovado nesta quarta-feira (18) pela Câmara. Trump foi considerado culpado por duas acusações (veja detalhes sobre cada uma abaixo):

  • Abuso de poder – 230 votos a favor e 197 contra
  • Obstrução de Congresso – 229 votos a favor e 198 contra

Mas o presidente continuará no cargo, enquanto espera o resultado do julgamento no Senado, que deve acontecer em janeiro. Ele é o terceiro presidente na história dos EUA a sofrer um impeachment.

Trump fala em comício de Natal em Battle Creek enquanto a Câmara dos Deputados, em Washington votava a favor de seu impeachment — Foto: Reuters/Leah Millis

A votação foi precedida por um debate que durou mais de dez horas, no qual discursaram deputados dos partidos Democrata e Republicano, expondo seus pontos de vista a favor e contra o impeachment.

Enquanto seu impeachment era aprovado, Trump participava de um comício em Battle Creek, Michigan. “Não parece que estamos sofrendo impeachment”, disse Trump à multidão. “O país está indo melhor do que nunca. Não fizemos nada de errado. Temos um tremendo apoio no Partido Republicano como nunca tivemos antes”, discursou.

Na abertura da sessão, a presidente da Câmara, Nancy Pelosi, afirmou que os deputados estavam ali para “defender a democracia pelo povo”. “Eu abro solene e tristemente o debate sobre o impeachment do presidente dos Estados Unidos”, disse.

No Twitter, Trump respondeu indignado, falando em “mentiras atrozes da esquerda radical”. “Isto é um ataque à América, e um ataque ao Partido Republicano”, escreveu.

Em sua defesa, alguns deputados republicanos se exaltaram e até exageraram nas comparações. Mike Kelly, da Pensilvânia, disse que 18 de dezembro de 2019 seria lembrado da mesma forma como o dia do ataque japonês a Pearl Harbor, na II Guerra Mundial.

“Em 7 de dezembro de 1941, um ato horrível aconteceu nos Estados Unidos, sobre o qual o presidente Rooselvelt disse ‘esta é uma data que viverá na infâmia’. Hoje, 18 de dezembro de 2019, é outra data que irá viver na infâmia”, disse.

Já Barry Loudermilk, do estado da Georgia, chocou diversos colegas ao comparar o inquérito com o julgamento de Jesus, dizendo que Cristo teve mais direitos antes de sua crucificação do que o presidente.

“Antes de vocês realizarem essa votação histórica hoje, uma semana antes do Natal, quero que vocês tenham isso em mente: quando Jesus foi falsamente acusado de traição, Pôncio Pilatos deu a Jesus a oportunidade de encarar seus acusadores. Durante esse falso julgamento, Pôncio Pilatos concedeu mais direitos a Jesus do que os democratas concederam a este presidente neste processo”, afirmou.

Manifestantes participam de protesto a favor do impeachment de Donald Trump do lado de fora do Capitólio, em Washington, na quarta-feira (18) — Foto: Win McNamee/Getty Images/AFP
Manifestantes participam de protesto a favor do impeachment de Donald Trump do lado de fora do Capitólio, em Washington, na quarta-feira (18) — Foto: Win McNamee/Getty Images/AFP

Ted Lieu, da Califórnia, justificou a importância da votação desta quarta-feira. “Nossos filhos estão assistindo, nenhum presidente quer sofrer um impeachment. Se Donald Trump sair em um mês, um ano ou cinco anos, esse impeachment é permanente, ele o seguirá pelo resto de sua vida e pelos livros de história e as pessoas saberão a razão do impeachment”, disse Ted Lieu, da Califórnia.

John Lewis, um veterano deputado democrata do estado da Geórgia, que marchou ao lado de Martin Luther King Jr., falou sobre a importância do legado de um impeachment de Donald Trump.

“Mas hoje, este dia, não pedimos por isso. Hoje é um dia triste. Não é um dia de alegria. Nossa nação é fundada sob o princípio de que não temos reis. Temos presidentes. E a Constituição é a nossa bússola…

…Quando você vê algo que não está certo, não é justo, você tem uma obrigação moral de dizer algo. Nossos filhos e os filhos deles nos perguntarão: ‘O que você fez? O que você disse?’ Para alguns, esse voto pode ser difícil. Temos uma missão e um mandato para estar do lado certo da história”, disse Lewis.

O presidente dos EUA, Donald Trump, no gramado da Casa Branca antes de partir para Michigan, nesta quarta-feira (18) — Foto:  REUTERS/Kevin Lamarque
O presidente dos EUA, Donald Trump, no gramado da Casa Branca antes de partir para Michigan, nesta quarta-feira (18) — Foto: REUTERS/Kevin Lamarque

Julgamento no Senado

A Câmara irá agora selecionar parlamentares para atuarem como gerentes e apresentarem o caso contra o presidente no julgamento no Senado. Segundo a Reuters, os democratas da Câmara dizem que a maioria dos gerentes deve sair do Comitê Judiciário da casa, e possivelmente do Comitê de Inteligência, que liderou a investigação. Muitos deputados esperam ser selecionados para o cargo, que é de grande importância.

O julgamento no Senado que irá determinar se Trump será ou não removido do cargo deve começar no início de janeiro, de acordo com a previsão do líder da maioria no Senado, o republicano Mitch McConnell.

Trump faz comício em Battle Creek enquanto a Câmara dos Deputados aprova seu impeachment em Washington — Foto: AFP/Scott Olson
Trump faz comício em Battle Creek enquanto a Câmara dos Deputados aprova seu impeachment em Washington — Foto: AFP/Scott Olson

Para perder o mandato, Trump precisa ser condenado por dois terços do Senado. No entanto, a casa tem em sua maioria republicanos. Desta forma, seria necessário que cerca de 20 dos 53 senadores do partido do presidente votassem contra ele, o que não deverá acontecer.

O presidente da Suprema Corte dos EUA, John Roberts, deve presidir o julgamento. Os gerentes apontados pela Câmara apresentarão o caso contra Trump e a equipe jurídica do presidente responde, com os senadores atuando como membros do júri.

Apoiadora do presidente Donald Trump exibe cartaz contra o impeachment, em frente ao Capitólio, em Washington, na quarta-feira (18) — Foto: Win McNamee/Getty Images/AFP
Apoiadora do presidente Donald Trump exibe cartaz contra o impeachment, em frente ao Capitólio, em Washington, na quarta-feira (18) — Foto: Win McNamee/Getty Images/AFP

Um julgamento poderia envolver depoimentos de testemunhas e um extenso cronograma. O processo pode acontecer no período entre seis dias e uma semana ou se estender para até seis semanas de duração.

McConnell já disse que o Senado poderia realizar uma opção mais curta, votando os artigos do impeachment após as arguições de abertura, pulando os depoimentos de testemunhas, mas, segundo a Reuters, o líder republicano ainda está se consultando com a Casa Branca sobre isso.

Acusações

O inquérito de impeachment foi aberto após a revelação de um telefonema entre Donald Trump e o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, em 25 de julho.

Durante a conversa, Trump pediu para o colega ucraniano investigar se o ex-vice-presidente Joe Biden (do Partido Democrata) encerrou uma investigação sobre uma empresa onde seu filho, Hunter Biden, trabalhava.

Volodymyr Zelensky e Donald Trump durante encontro em Nova York, em 25 de setembro de 2019 — Foto: Saul Loeb / AFP
Volodymyr Zelensky e Donald Trump durante encontro em Nova York, em 25 de setembro de 2019 — Foto: Saul Loeb / AFP

Joe Biden, que foi vice durante a administração de Barack Obama, é pré-candidato à vaga do Partido Democrata para disputar as eleições presidenciais de 2020, e aparece em primeiro lugar nas pesquisas. É, portanto, o mais cotado para enfrentar Trump no próximo ano.

Na época do telefonema, a Ucrânia aguardava a liberação de US$ 391 milhões que os Estados Unidos enviariam ao país, como uma ajuda militar. Trump teria congelado o repasse, e condicionado a remessa à colaboração de Zelensky.

A acusação de abuso de poder é baseada no entendimento de que Trump usou seu cargo de presidente para obter ganhos pessoais. A explicação é que ele tentou pressionar um governo de outro país para que produzisse material que o ajudaria a ter vantagens nas eleições de 2020, colocando seus próprios interesses acima dos interesses dos EUA.

Já em relação à acusação de obstrução do Congresso, a justificativa é de que Trump proibiu diversas pessoas ligadas à sua administração de prestar depoimento perante a Comissão da Câmara, inclusive aquelas que tinham sido intimadas.

Impeachments anteriores nos EUA

Até hoje, apenas dois presidentes já tinham sofrido impeachment na história dos Estados Unidos, mas Trump é o primeiro a passar pelo processo enquanto tenta se reeleger ao cargo.

Antes dele, Andrew Johnson e Bill Clinton tiveram seus processos de impeachment aprovados pela Câmara, mas ambos foram absolvidos pelo Senado e não perderam o cargo. Assim como Trump, eles continuaram no cargo enquanto aguardavam o julgamento no Senado.

Bill Clinton foi absolvido em julgamento no Senado em fevereiro de 1999 — Foto: Jonathan Ernst/Reuters
Bill Clinton foi absolvido em julgamento no Senado em fevereiro de 1999 — Foto: Jonathan Ernst/Reuters

Richard Nixon estava prestes a enfrentar um processo também, mas renunciou antes que a Câmara pudesse realizar a votação.

A primeira tentativa de impeachment contra Andrew Johnson – por tentar afastar seu Secretário da Guerra, Edwin M. Stanton, sem consentimento do Congresso – aconteceu em dezembro de 1867, mas não foi aprovada, e a segunda, que conseguiu os votos necessários, aconteceu em 24 de fevereiro de 1868. A acusação tinha 11 artigos, e após três semanas de julgamento o Senado quase o condenou por três delas, mas em todos os casos ele escapou por apenas um voto.

Já Bill Clinton foi acusado por perjúrio e obstrução de justiça, ligados ao relacionamento do então presidente com a estagiária da Casa Branca Monica Lewinsky. Ele foi condenado pela Câmara em 8 de outubro de 1998, mas inocentado pelo Senado em fevereiro de 1999, após um mês de julgamento.

No caso de Nixon, ele enfrentaria acusações de obstrução da justiça, abuso de poder e desrespeito ao Congresso durante o escândalo Watergate. Mas, em 9 de agosto de 1974, antes que a Câmara pudesse votar seu impeachment, ele renunciou à presidência.

Compartilhar no WhatsApp

Por Rlagos Notícias

18 de dezembro de 2019

Search
Close this search box.

Faça parte do maior grupo exclusivo de noticias da região!

Nosso grupo te da acesso exclusivo as noticias mais quentes e recentes do momento sobre tudo que buscar!