Em comunicado oficial em sua agência de notícias, a Petrobras explicou nesta semana sobre um pacote de medidas que vêm sendo adotadas pela empresa em vista dos impactos da pandemia do coronavírus e do choque de preços do petróleo em todo o mundo.
Segundo a estatal, o objetivo das medidas é preservar a saúde de seus colaboradores e apoiar na prevenção do coronavírus em suas áreas operacionais e administrativas, além de estarem, ainda conforme a empresa, alinhadas às recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde.
“[As medidas] visam contribuir com os esforços da população e das autoridades brasileiras para mitigar os riscos da doença. Com o suporte de um comitê especial, estamos acompanhando diariamente a evolução do coronavírus e avaliando a necessidade de novas medidas”, avaliou a Petrobras.
A companhia lembrou a doação de 600 mil testes para diagnóstico da doença ao Sistema Único de Saúde (SUS), sendo 400 mil doados ao Ministério da Saúde e outros 200 mil diretamente à Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro.
Os testes foram importados dos Estados Unidos e, de acordo com a estatal, devem chegar ao Brasil em abril, embora o período não tenha sido precisado pelo comunicado divulgado pela Petrobras nesta semana.
A empresa também reforçou a iniciativa de criar um grupo multidisciplinar de profissionais de seu centro de pesquisas (Cenpes) para avaliar e propor soluções em parceria com universidades, empresas e instituições que possam ajudar no combate ao coronavírus, que já infectou mais de 3 mil pessoas em todos os estados brasileiros.
Os dados sobre o número de casos confirmados da doença em todo o país foram divulgados pelas secretarias estaduais de Saúde em todo o país, e até o fim da tarde desta quinta-feira, 26, contavam com 3.027 casos confirmados e 77 mortos.
Falando em “medidas para redução de desembolso e preservação do caixa neste cenário de incertezas” e dizendo que tais medidas visam “reforçar sua solidez financeira e resiliência dos seus negócios”, a Petrobras destacou, entre outras medidas, a redução e postergação de gastos com recursos humanos, no valor total de 2,4 bilhões de reais; a postergação do pagamento de horas-extras; a postergação do recolhimento de Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e do pagamento de gratificação de férias; a postergação do pagamento de 30% da remuneração mensal total do presidente, diretores, gerentes executivos e gerentes gerais; o cancelamento dos processos de avanço de nível e promoção para os empregados e avanço de nível de funções gratificadas de 2020; a redução de 50% no número de empregados em sobreaviso parcial nos próximos 3 meses e suspensão temporária de todos os treinamentos.
Consta ainda entre as medidas adotadas pela companhia a redução dos investimentos programados para 2020, no valor de 12 bilhões de dólares para 8,5 bilhões de dólares, dos quais 7 bilhões de dólares na visão caixa.
De acordo com a estatal, a redução de investimentos de justifica em função principalmente de postergações de atividades exploratórias, interligação de poços e construção de instalações de produção e refino, e da desvalorização do real (R$) frente ao dólar americano (US$).
Outro medida anunciada pela empresa é a aceleração da redução dos gastos operacionais, com uma diminuição adicional de 2 bilhões de dólares, entre elas a hibernação das plataformas em operação em campos de águas rasas.
A Petrobras explicou que devido ao custo de extração por barril mais elevado, e em virtude da queda dos preços do petróleo, essas plataformas passaram a ter fluxo de caixa negativo, com uma produção atual de óleo de 23 mil barris por dia (bpd), motivo pelo qual os desinvestimentos nesses ativos continuam em andamento, segundo a companhia.
A empresa destacou ainda entre as medidas, menores gastos com intervenções em poços e otimização da logística de produção, e a postergação de novas contratações relevantes pelo prazo de 90 dias, o que, segundo estimativas da Petrobras, equilibrarão o fluxo de caixa da companhia em 2020.
“Em relação à comercialização de petróleo e derivados, a Petrobras está continuamente monitorando o mercado interno e externo, bem como fazendo a gestão dos estoques e processamento em suas refinarias, em alinhamento com as variações das demandas do mercado. A crise do COVID-19 (sigla em inglês para Coronavirus Disease 2019) tem provocado reduções significativas de demandas de derivados, especialmente de diesel, gasolina e QAV (combustível de aviação) no Brasil e no mundo. Nesse sentido, a companhia decidiu reduzir um total de 100 mil bpd da sua produção de óleo até o final de março, em função da sobreoferta deste produto no mercado externo e pela redução da demanda mundial de petróleo causada pelo efeito do COVID-19.
A companhia avaliará as condições do mercado e, em caso de necessidade, realizará novos ajustes na produção de petróleo, sempre garantindo as condições de segurança para as pessoas, operações e processos. A companhia continua a explorar oportunidades para cortes adicionais de custos administrativos e operacionais.
Dado o alto grau de incerteza prevalecente na economia global, entendemos ser prematuro fazer revisões do cenário base e projeções de preços de petróleo. Tais revisões serão feitas quando as incertezas e a consequente volatilidade de preços diminuírem.
A Petrobras reforça seu compromisso com a gestão de seu portfolio e com sua estratégia sustentada pelos cinco pilares: maximização do retorno sobre o capital, redução do custo de capital, busca incessante por custos baixos, meritocracia e respeito às pessoas, meio ambiente e segurança.
A crise atual realça a importância destes pilares que devem continuar a ser implementados ainda com mais foco e intensidade. Refletindo seu compromisso com a transparência, a Petrobras manterá os mercados informados sobre futuros movimentos”, conclui o comunicado da Petrobras.