Presidente fez quinto pronunciamento na TV sobre coronavírus. Ele disse ter ‘certeza’ que a ‘grande maioria’ quer voltar a trabalhar. Segundo pesquisa Datafolha, para 76% é melhor ficar em casa.
Em pronunciamento transmitido em cadeia nacional de rádio e televisão na noite desta quarta-feira, o presidente Jair Bolsonaro disse pela primeira vez que a decisão sobre medidas de isolamento contra o coronavírus é de governadores e prefeitos.
— Respeito a autonomia dos governadores e prefeitos. Muitas medidas, de forma restritiva ou não, são de responsabilidade exclusiva dos mesmos. O Governo Federal não foi consultado sobre sua amplitude ou duração. Espero que brevemente saiamos juntos e mais fortes para que possamos melhor desenvolver o nosso país.
Nesta quarta-feira, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu que governos estaduais e municipais têm poderes para decretar medidas restritivas durante a pandemia – entre elas, o isolamento social, a quarentena, a suspensão de atividades de ensino, as restrições de comercio, atividades culturais e à circulação de pessoas -, mesmo que o governo federal tome depois medida em sentido contrário. Ainda segundo o ministro, a validade dos decretos dos governos estaduais e das prefeituras poderão ser analisadas pelo Judiciário individualmente.
O presidente também defendeu o uso da hidroxicloroquina no tratamento da Covid-19 desde a fase inicial da doença. No discurso, ele contou que conversou com o cardiologista Roberto Kalil Filho, que admitiu ter usado o medicamento para se tratar da enfermidade.
— Após ouvir médicos, pesquisadores e Chefes de Estado de outros países, passei a divulgar, nos últimos 40 dias, a possibilidade de tratamento da doença desde sua fase inicial. Há pouco, conversei com o Dr. Roberto Kalil. Cumprimentei-o pela honestidade e compromisso com o Juramento de Hipócrates, ao assumir que não só usou a Hidroxicloroquina, bem como a ministrou para dezenas de pacientes. Todos estão salvos — declarou Bolsonaro.
Parabenizando o médico, que atende ex-presidentes Lula e Dilma, ele mencionou que o protocolo de testes ainda não foi finalizado, mas disse que Kalil relatou ter ministrado o medicamento agora, “para não se arrepender no futuro”.
– Essa decisão poderá entrar para a história como tendo salvo milhares de vidas no Brasil – comentou.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), os testes com cloroquina no tratamento contra o coronavírus ainda estão inconclusivos. Na coletiva para a imprensa desta quarta-feira, Mandetta afirmou que a receita de cloroquina a pacientes que acabaram de sentir os sintomas e principalmente que ainda não foram diagnosticados com coronavírus pode gerar complicações.
No pronunciamento, Bolsonaro reforçou a ideia de que é preciso resolver simultaneamente os problemas do novo coronavírus e do desemprego e deu um recado a governantes que adotaram medidas de isolamento, criticadas por ele desde o início da crise:
– Respeito a autonomia dos governadores e prefeitos. Muitas medidas, de forma restritiva ou não, são de responsabilidade exclusiva dos mesmos. O Governo Federal não foi consultado sobre sua amplitude ou duração. Espero que brevemente saiamos juntos e mais fortes para que possamos melhor desenvolver o nosso país – afirmou.
No início de sua fala, que durou quase cinco minutos, ele disse que seu papel como presidente é “olhar o todo, e não apenas as partes” e apontou que seu objetivo principal sempre foi salvar vidas.
Integrantes do Palácio do Planalto haviam adiantado que Bolsonaro pretendia passar uma mensagem de “equilíbrio dentro do seu governo” e diminuir a temperatura das crise política e sanitária no País.
Na semana passada, Bolsonaro adotou um tom “ameno” em pronunciamento em cadeia nacional. Na ocasião, o presidente baixou o tom sobre coronavírus e não pediu o fim do isolamento social, como já tinha feito antes, classificando o novo coronavírus como “o maior desafio da nossa geração”.
Íntegra
Leia a íntegra do pronunciamento:
Boa noite
Vivemos um momento ímpar em nossa história.
Ser Presidente da República é olhar o todo, e não apenas as partes. Não restam dúvidas de que o nosso objetivo principal sempre foi salvar vidas.
Gostaria, antes de mais nada, de me solidarizar com as famílias que perderam seus entes queridos nesta guerra que estamos enfrentando.
Tenho a responsabilidade de decidir sobre as questões do País de forma ampla, usando a equipe de ministros que escolhi para conduzir os destinos da Nação. Todos devem estar sintonizados comigo.
Sempre afirmei que tínhamos dois problemas a resolver, o vírus e o desemprego, que deveriam ser tratados simultaneamente.
Respeito a autonomia dos governadores e prefeitos. Muitas medidas, de forma restritiva ou não, são de responsabilidade exclusiva dos mesmos. O Governo Federal não foi consultado sobre sua amplitude ou duração. Espero que brevemente saiamos juntos e mais fortes para que possamos melhor desenvolver o nosso país.
Como afirmou o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, cada país tem suas particularidades, ou seja, a solução não é a mesma para todos. Os mais humildes não podem deixar de se locomover para buscar o seu pão de cada dia.
As consequências do tratamento não podem ser mais danosas que a própria doença. O desemprego também leva à pobreza, à fome, à miséria, enfim, à própria morte. Com esse espírito, instruí meus ministros.
Após ouvir médicos, pesquisadores e Chefes de Estado de outros países, passei a divulgar, nos últimos 40 dias, a possibilidade de tratamento da doença desde sua fase inicial.
Há pouco, conversei com o Dr. Roberto Kalil. Cumprimentei-o pela honestidade e compromisso com o Juramento de Hipócrates, ao assumir que não só usou a Hidroxicloroquina, bem como a ministrou para dezenas de pacientes. Todos estão salvos.
Disse-me mais: que, mesmo não tendo finalizado o protocolo de testes, ministrou o medicamento agora, para não se arrepender no futuro. Essa decisão poderá entrar para a história como tendo salvo milhares de vidas no Brasil. Nossos parabéns ao Dr. Kalil.
Temos mais boas notícias. Fruto de minha conversa direta com o Primeiro-Ministro da Índia, receberemos, até sábado, matéria-prima para continuarmos produzindo a hidroxicloroquina, de modo a podermos tratar pacientes da COVID-19, bem como malária, lúpus e artrite. Agradeço ao Primeiro-Ministro Narendra Modi e ao povo indiano por esta ajuda tão oportuna ao povo brasileiro.
A partir de amanhã, começaremos a pagar os R$ 600,00 de auxílio emergencial para apoiar trabalhadores informais, desempregados e microempreendedores durante três meses.
Concedemos, também, a isenção do pagamento da conta de energia elétrica aos beneficiários da tarifa social, por 3 meses, atendendo a mais de 9 milhões de famílias que tenham suas contas de até R$ 150,00.
Disponibilizamos 60 bilhões via Caixa Econômica Federal para capital de giro destinados a micro, pequenas e médias empresas e à construção civil.
Os beneficiários do Bolsa Família, que são quase 60 milhões de pessoas, também receberão um abono complementar do Auxílio Emergencial.
Autorizamos, ainda, para junho, um saque de até R$ 1.045,00 aos que têm conta vinculada ao FGTS.
Repatriamos mais de 11 mil brasileiros que estavam no exterior, num esforço capitaneado pelo Itamaraty, Ministério da Defesa e Embratur.
Tenho certeza de que a grande maioria dos brasileiros quer voltar a trabalhar.
Esta sempre foi minha orientação a todos os ministros, observadas as normas do Ministério da Saúde.
Quando deixar a Presidência, pretendo passar ao meu sucessor um Brasil muito melhor do que aquele que encontrei em janeiro do ano passado.
Sigamos João 8:32: “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará!”
Desejo a todos uma Sexta-Feira Santa de reflexão e um Feliz Domingo de Páscoa!
Deus abençoe o nosso Brasil!