A Casa de Petrópolis Instituto de Cultura, em Petrópolis, na Região Serrana do Rio, vai receber a partir desta quarta-feira (9) a exposição “Pretérito Imperfeito”, dos artistas Pedro Varela e Bruno Weilemann.
A mostra ficará no espaço cultural até a primeira semana de setembro e é composta por pinturas e instalações que utilizam o fragmento e a memória como parte do repertório criado pelos artistas para a Casa.
A visitação pode ser realizada de quarta a domingo, das 10h às 16h. A entrada custa R$ 10 inteira e R$ 5 meia-entrada. Moradores de Petrópolis têm entrada gratuita às quartas, mediante comprovante de residência.
As obras que serão expostas dialogam intimamente com os elementos da casa e do jardim. A mostra trata o passado como um farol que ilumina as sombras da noite do presente e ajuda a navegar em tempos que parecem sem contornos.
“Eu tenho interesse nas obras que irão mostrar o talento próprio de cada um deles e por se voltarem para o século XIX brasileiro, que foi tão desprezado pelos modernos”, explica Luiz Aquila, responsável pelas exposições da Casa e por ter convidado ambos os artistas para a realização da mostra.
Tendo a Casa como tema, algumas obras harmonizam ou contrastam com seu interior, utilizando a luz e as cores dos seus espaços, bem como os elementos do papel de parede e das cortinas, muito bem preservados.
“Eu nunca havia exposto num lugar como este, diferente ao das galerias, com espaços neutros”, disse Bruno Weilemann.
O artista destaca ainda que “É preciso manter o passado vivo, mas toda História é plástica”. Em seu trabalho recente, Weilemann tem utilizado muito de imagens da Missão Francesa de 1816. Fragmentos dessas obras serão reutilizados nas obras da exposição.
A utilização de fragmentos, a colagem, as apropriações, a recombinação de memórias, a polifonia e o simbolismo iconográfico do ‘imaginário brasileiro’ e referências à cultura pop fazem parte da poética dos dois artistas.
“A casa e seus segredos, os artistas e suas memórias, um novo vínculo atávico da origem. Tudo repleto de falsidade e verdade”, complementa Bruno.
“Tenho interesse neste passado que não passa, mas que transparece em nosso cotidiano, nas nossas pequenas ações, na nossa identidade” diz Pedro Varela.
Varela, de reconhecimento internacional, recria a paisagem tropical através do seu realismo fantástico, que mistura referências da história e da história da arte com devaneios e formas inventadas. Personagens anônimos surgem ao lado de florestas exageradas, que formam um emaranhado de flores, caules, fungos e formas quase abstratas.
As referências do artista passam pelas representações feitas por artistas das missões científicas durante o período colonial, cartas náuticas do renascimento, ilustrações do botânico e naturalista Ernst Haeckel, e até a série “Droguinhas” da Mira Schendel.
O artista apresentará alguns de seus trabalhos mesclados a peças de macramês produzidas pela Andreza Dalcamim (@artedaspretas no Instagram).
“O macramê entra como uma imagem poética dessa trama de narrativas históricas, que se entrelaçam e criam padrões”, disse Pedro Varela.