RIO – Na noite que transcorreu para a madrugada desta segunda-feira (12), o Acadêmicos do Salgueiro trouxe não apenas um desfile memorável para a Marquês de Sapucaí, mas também um momento de profundo tributo e reverência. Emerson Dias, atual intérprete da escola, dedicou a apresentação ao eterno puxador Melquisedeque Marins Marques, conhecido carinhosamente como Quinho, que nos deixou no último dia 3 de janeiro.
“Foi meu primeiro desfile sem ele fisicamente, mas espiritualmente, ele está sempre aqui do meu lado para mandar a energia dos povos originários”, relatou Emerson Dias, visivelmente emocionado. Durante a apresentação, o intérprete reviveu os icônicos gritos de guerra de Quinho, como “Pimba, pimba” e “Ai que lindo, que lindo”, reacendendo na avenida a energia e o carisma que marcaram a trajetória de Quinho no carnaval carioca.
A partida de Quinho, aos 66 anos, após uma batalha contra o câncer de próstata, representou uma grande perda para o mundo do samba. Sua voz, que ecoou por diversas agremiações e deixou um legado imensurável, teve no Salgueiro o seu lar e palco de seus maiores triunfos. Desde seu início no Bloco Boi da Freguesia até os aplausos que reverberaram na União da Ilha do Governador e, mais tarde, no Salgueiro, Quinho personificou a alma e a essência do samba.
A noite foi também de conscientização e homenagem aos povos originários, com o Salgueiro trazendo para a Sapucaí o enredo “Hutukara”, uma ode à cultura Yanomami e ao céu original a partir do qual se formou a Terra. Sob a liderança de Viviane Araújo, rainha de bateria, e com a força de seus nove títulos, a escola da Tijuca se posicionou como uma voz ativa na luta pela preservação da Amazônia e pelo reconhecimento dos direitos dos povos indígenas.
A terceira escola a desfilar, o Salgueiro transformou a avenida em palco para um espetáculo que mesclou a beleza do carnaval com mensagens de importância crucial para a sociedade. A homenagem a Quinho, entrelaçada ao tema do desfile, reforçou a missão do samba de não apenas entreter, mas também de educar, conscientizar e perpetuar memórias e histórias significativas.
Neste carnaval, o Salgueiro reafirmou seu lugar de destaque não apenas pela excelência técnica e visual de seu desfile, mas também pela capacidade de tocar corações e mentes, honrando figuras emblemáticas como Quinho e levantando bandeiras essenciais para o futuro de todos nós.