Rio de Janeiro – O Ministério Público Federal (MPF) enviou um pedido formal à justiça para a prisão de três policiais rodoviários federais supostamente envolvidos na trágica morte de uma criança de 3 anos. O incidente ocorreu no Arco Metropolitano, em Seropédica, no dia 7 de setembro. A pequena H.S.S. estava com sua família, retornando da casa dos avós em Itaguaí, quando o veículo em que estavam foi alvejado.
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Os agentes estão afastados das operações desde o início das investigações, sendo submetidos a avaliações psicológicas, conforme informou a PRF. A arma do policial responsável pelos disparos foi confiscada para perícia. O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, procurado para comentar o caso, ainda não divulgou quando atenderá à solicitação do MPF.
H.S.S. estava internada desde o dia 8 de setembro e não resistiu a uma parada cardíaca na manhã deste sábado. Ela estava sob cuidados no Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes, onde os médicos identificaram lesões graves no couro cabeludo e na região cervical.
O corpo da criança será encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) para perícia. A família ainda não divulgou informações sobre o local e horário do sepultamento.
A Polícia Rodoviária Federal, em nota, se solidarizou com a família, expressando “as mais sinceras condolências” e afirmou que continua acompanhando os familiares para fornecer suporte e acolhimento psicológico por meio de sua Comissão de Direitos Humanos.
O procurador Eduardo Benones representou pela prisão dos agentes Fabiano Menacho Ferreira — que admitiu ter feito os disparos —, Matheus Domicioli Soares Viegas Pinheiro e Wesley Santos da Silva. O pedido foi feito na noite desta sexta-feira (15), antes de Heloísa morrer.
Na peça, Benones afirma que 28 agentes da PRF foram até o hospital logo após o incidente “numa tentativa inequívoca de intimidar” a família e lembra que um deles, à paisana, conseguiu chegar até a emergência pediátrica e falar com o pai da menina.
“A presença de 28 inspetores no hospital, no dia do ocorrido, em contato visual e às vezes verbal, com as vítimas demonstra uso indevido da força corporativa”, escreveu Benones na justificativa.
Nova perícia
Em outro ofício, Benones pediu à Justiça uma nova perícia no fuzil apreendido e no carro onde Heloísa estava. A TV Globo apurou que o MPF não concordou com o laudo da Polícia Civil.
“A presente demanda tem como escopo assegurar os vestígios para a produção de prova pericial a subsidiar futura persecução penal. O risco ao resultado útil do processo é evidente caso a presente cautelar não seja deferida, na medida em que não será possível trazer à lume o que de fato ocorreu”, escreveu o procurador.
Dúvidas do MPF:
- A existência de mais buracos de perfuração, do que o apontado na perícia;
- O fato de somente um perito assinar o laudo, “quando costumeiramente são 2 profissionais a realizar tal tarefa”;
- Pertences das vítimas no veículo não foram periciados;
- “Os fatos ocorreram em um feriado e foram amplamente reportados em mídia nacional, o que apontou para uma necessidade de averiguação rápida”, e “não se realizaram todos os procedimentos de forma protocolar, podendo inclusive gerar futuras nulidades”.
O que disseram os agentes
No primeiro depoimento dos policiais prestado à Polícia Civil, Fabiano Menacho Ferreira admitiu ter feito os disparos de fuzil que atingiram a menina.
Ele disse que os policiais tiveram a atenção voltada para o veículo Peugeot 207, e que a placa indicava que o carro era roubado.
Eles seguiram atrás do veículo, ligaram o giroflex e acionaram a sirene para que o condutor parasse, mas que, depois de cerca de 10 segundos atrás do veículo, escutaram um som de disparo de arma de fogo e chegaram a se abaixar dentro da viatura.
Fabiano Menacho disse que, então, disparou três vezes com o fuzil na direção do Peugeot porque a situação o fez supor que o disparo que ouviu veio do veículo da família de Heloísa.
Os outros agentes, Matheus Domicioli Soares Viegas Pinheiro e Wesley Santos da Silva, confirmaram a versão do colega.
Desde o primeiro momento, a família disse que o tiro partiu de uma viatura da PRF.
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