O ex-prefeito do Rio Roberto Saturnino Braga morreu, aos 93 anos, nesta quinta-feira. Ele estava internado no CTI Hospital Pró-Cardíaco, na Zona Sul do Rio, em cuidados paliativos. A informação é da filha de Saturnino, Maria Adelia. Saturnino deu entrada na unidade hospitalar na última sexta-feira, dia 27, segundo pessoas ligadas ao ex-prefeito, com um quadro de pneumonia. O local do velório e do enterro ainda não foi divulgado.
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O hospital divulgou na noite de quarta-feira, dia 2, que Roberto Saturnino Braga estava internado “no CTI do Hospital Pró-Cardíaco recebendo cuidados paliativos diante de um quadro clínico de improvável reversão”. O quadro de saúde que levou à internação, porém, não foi divulgado.
O atual prefeito do Rio Eduardo Paes afirmou que Saturnino Braga foi um dos homens mais dedicados e corretos da política carioca:
— Ele foi um dos mais dedicados e corretos homens públicos que a cidade do Rio de Janeiro já conheceu. Sua história em defesa da democracia, da liberdade e do povo mais pobre será sempre lembrada. É uma grande perda para a cidade do Rio de Janeiro e para o Brasil. Meus sinceros agradecimentos por toda sua dedicação à nossa cidade. Que Deus possa confortar o coração de sua família e de seus amigos.
Carioca nascido em 13 de setembro de 1931, graduou-se em Engenharia pela Universidade do Brasil (atual UFRJ) em 1954. Herdeiro de uma tradição política no estado — o pai, Francisco Saturnino Braga, foi deputado federal por três mandatos —, Roberto Saturnino Braga entrou para a política em 1963, como deputado federal pelo Estado do Rio de Janeiro, numa coligação formada pelo PSB, MTR e PST. Com a ditadura e a criação do bipartidarismo, ingressou no MDB e foi senador pelo Rio de 1975 a 1985.
Saturnino Braga foi o primeiro prefeito eleito de forma direta, em 1985, após a redemocratização do Brasil. Eleito pelo PDT com quase 40% dos votos, esteve à frente da prefeitura de 1986 a 1989. Mas recentemente, estava filiado ao PSB.
Durante sua gestão, decretou a falência do município em setembro de 1988, após acusar o governo federal de recusar ajuda financeira à cidade. Na ocasião, o prefeito disse que a gota d’água havia sido o telex enviado pelo Banco Central às agências bancárias do país às 17h do dia 26 de agosto de 1988, uma sexta-feira, determinando o bloqueio de todas as contas da prefeitura.
O episódio que levou à decretação da falência se deveu a circunstâncias nacionais e locais. Com o fracasso do Plano Cruzado, no governo do ex-presidente José Sarney (1985-1990), o Brasil entrou em um cenário de hiperinflação. No Rio, a prefeitura perdeu receitas, porque Saturnino não conseguiu aprovar na Câmara de Vereadores projeto que atualizava o IPTU e outros tributos pela inflação.
— Sua gestão foi marcada por obras de combates a enchentes. Na época, as encostas eram muito frágeis, e tivemos vários deslizamentos. Ele abriu também inúmeras unidades de saúde. Eram obras que não davam visibilidade, mas eram importantes para a cidade — disse o ex-secretário de Obras de Saturnino Luiz Edmundo Costa Leite.
— Saturnino viveu um drama político na cidade. Havia uma grande expectativa do que poderia ter feito, se não fosse a crise. Esse cenário de problemas no âmbito do Rio se repetiu por circunstâncias diferentes em 2016, quando o governador em exercício Francisco Dornelles, sem falar em falência, decretou situação de calamidade financeira no estado — disse Tito Ryff, ex-secretário de Planejamento de Saturnino.
Depois do episódio da falência, Saturnino foi eleito vereador em 1993 e em 1998, finalmente, conseguiu uma vaga no Senado pelo PSB, numa aliança com o PDT. Em 2000, o PDT cobrou que mantivesse um acordo com o partido de que só cumpriria metade do mandato, renunciando depois de quatro anos para que Carlos Lupi assumisse a vaga. Saturnino não cumpriu o acordo e exerceu seu último cargo eletivo até o fim. Roberto Saturnino Braga também foi secretário de Desenvolvimento Econômico de Niterói.
Simultaneamente, passou a se dedicar à literatura, tendo publicado várias obras. Uma delas, “Contos do Rio”, recebeu o Prêmio Malba Tahan, da Academia Carioca de Letras, em 2000. Viúvo, Roberto Saturnino Braga deixa três filhos, Adelia, Bruno e Antonio Frederico.
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