Quatro dos 11 atuais vereadores do município de Carmo, na Região Serrana do Rio, foram presos preventivamente nesta quinta-feira. Eles eram alvos da terceira fase da Operação Chorume realizada pelo Ministério Público do Estado do Rio (MPRJ) e a Polícia Civil, por fraude em licitações de contratos na área de limpeza urbana. Além dos que atuavam, mais dois ex-vereadores foram presos acusados de fazer parte do esquema ilícito. A operação buscou cumprir 11 mandados de prisão e 22 de busca e apreensão. Em junho, na segunda fase, a operação prendeu o ex-prefeito da cidade Paulo César Ladeira, de 51 anos, investigado por receber propina em contratos ligados a empresas que também faziam parte da quadrilha. Ao todo, o MP estima o prejuízo de R$ 40 milhões ao erário.
Os quatro vereadores presos que estavam em exercício são: Romerito Jose Wermelinger Ribeiro (PL); Samuel Cassio Cunha, o Samuel da Livração (PL); Valquiria Aparecida de Moraes (PL) e Juliano de Souza Braga (PDT). Já os ex-vereadores são Salvador Carvalho de Oliveira (PL) e Marco Antonio Pereira Dalboni (Cidadania), que integraram, por anos, a organização, e foram acusados de não usarem poder e influência para interferir em prol do grupo. Também estão na denúncia os vereadores Wilde Rodrigues Curty (Cidadania) e Ana Cláudia Ribeiro Fernandes (Solidariedade), mas não tiveram os mandados cumpridos até as 12h.
Além do Legislativo, foram presos hoje os secretários municipais Renato da Silva Amarante e Ozéas de Souza Ramos, que atuaram na gestão passada, e são acusados, junto com os demais, por crimes contra a lei de licitações, corrupção ativa e passiva, peculato e lavagem de dinheiro.
A operação foi realizada por meio do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (GAECO/RJ) e da Promotoria de Justiça de Carmo. Os mandados foram expedidos pela 1ª Vara Criminal Especializada da Capital e a ação contou com o apoio da Coordenadoria de Segurança e Inteligência (CSI/MPRJ).
As empresas Limpeza Urbana e a Forte Ambiental são citadas pelo braço empresarial da quadrilha. Ambas são acusadas de obter contratos superfaturados por meio do pagamento de propina a agentes públicos durante o período em que Ladeira estava no cargo, de 2017 a 2020. Segundo a denúncia de hoje, parte dos criminosos das empresas atuavam com objetivo de obter vantagens em contratações públicas, quando apoiaram financeiramente a campanha do ex-prefeito, reeleito em 2016. O documento também afirma que Ladeira recebeu 10% a título de propina, em contrapartida à contratação e à realização do pagamento das notas dos contratos titularizados pelas empresas pertencentes ao braço empresarial da organização criminosa.
Em junho, a segunda fase da operação encontrou R$ 130 mil em espécie enterrados em tubos de PVC no quintal do sítio do ex-prefeito, na Zona Rural do município de Carmo. A ação colocou Ladeira preso em flagrante. Na nova denúncia há nomes que já foram citados em outras fases da operação, como Rita Estefânia Gozzi Farsura, a Faninha (PSC), que está em prisão domiciliar desde a primeira fase, em março; e do ex-prefeito do município, ainda preso.
Nas outras fases da operação, também foi preso o ex-secretário de Meio Ambiente, Ronaldo Rocha Ribeiro, considerado um dos principais braços do grupo dentro da Prefeitura, já que os contratos fraudulentos eram ligados diretamente à sua pasta, sendo o responsável pela fiscalização dos mesmos, e Lindemberg de Mello Costa, que exercia o cargo de fiscal dos contratos.