SAQUAREMA – Após passar 13 dias internada em um hospital público, Carmelinda Ramos dos Santos, de 79 anos, perdeu a luta pela vida. A idosa foi atingida por um tiro na cabeça em 20 de abril, dentro de sua casa no Bairro Porto da Roça, em Saquarema, Região dos Lagos. Segundo a polícia, Carmelinda foi baleada ao tentar tirar o revólver das mãos de sua nora, Dionísia Madeira de Sousa, de 49 anos. Depois do disparo, Dionísia fugiu sem prestar socorro à sogra.
O crime ocorreu por volta das 21h. Uma ambulância do Corpo de Bombeiros levou Carmelinda ao Hospital Municipal Porfírio Nunes de Azevedo. Devido à gravidade do ferimento, ela foi transferida para o Hospital Municipal Nossa Senhora de Nazareth, onde passou por uma cirurgia de oito horas e permaneceu na UTI. Carmelinda faleceu na quinta-feira.
O delegado André Bueno, da 124ª DP (Saquarema), responsável pela investigação, afirmou que Dionísia está sendo acusada de homicídio culposo (sem intenção de matar). Em depoimento à polícia, a nora alegou que o tiro foi acidental e que deixou a cena do crime por medo de ser agredida. Segundo Dionísia, ela pegou a arma de seu marido, filho da idosa, após uma discussão em que ele a ameaçou com violência. Levou o revólver para a casa de Carmelinda, localizada no mesmo quintal. O disparo aconteceu durante uma disputa pela arma entre as duas mulheres, afirmou ela.
A polícia apreendeu a arma do crime, que já foi encaminhada para perícia. O exame inicial confirmou que houve um único disparo. Um inquérito policial foi instaurado para indiciar Dionísia por homicídio culposo e seu marido por porte ilegal de arma de fogo. A polícia também está investigando a origem do revólver, que teria sido comprado pelo filho da idosa de um ex-policial.
A família de Carmelinda não acredita na versão de tiro acidental. Vera Ramos, de 56 anos, filha da vítima, afirmou que a mãe, com saúde frágil, ainda se recuperava de um AVC sofrido um ano antes e tinha dificuldades para se locomover, precisando de uma bengala. Vera pede justiça para que o caso não seja esquecido. A família de Dionísia negou as acusações de ameaças de violência feitas contra o marido e informou que ele está emocionalmente abalado.
Descrita como uma mulher evangélica que vivia para seus filhos, netos e bisnetos, Carmelinda será sepultada no Cemitério de Sampaio Correia, em Saquarema, neste sábado. Ela deixa três filhos, quatro netos e cinco bisnetos.
A defesa de Dionísia, representada pelos advogados Sandro Rocha e Frederick Oliveira, acredita na versão da cliente. Segundo eles, Dionísia está amparada por um projeto de apoio a vítimas de violência doméstica e já retirou seus pertences da casa onde morava com o marido.